Aqueles olhos frios da alvorada,
De novo macerados pude vê-los,
E a noite que partia enluarada,
Lembravas o luar nos teus cabelos.
Nos mistérios áureos da madrugada,
Os poentes da saudade fui colhê-los,
Nas luzes dessa abóbada sagrada,
Nos versos que deixei de escrevê-los.
Olhos distantes, gélidos, sem vida,
Lembram-me vós calados e plangentes
Os olhares d\'uma cova esquecida.
Quantas vezes lhes vi indo sozinho,
Velando as pétalas tremeluzentes
Que pendiam mudas pelo meu caminho.
Thiago Rodrigues