Jonas Teixeira Nery

Vazio penetrante

Um vazio penetra sorrateiro pela janela semiaberta,

desordenando meus pensamentos, nessa calmaria.

Permaneço estático, diante da noite escura, absorto,

espreitando turbulências, entre pensamentos e desejos.

 

Vem com ele, nessa noite minha desmedida solidão.

Esse vazio profundo, nessas incertezas, entre promessas,

nessa noite tênue, anunciando revelações destoantes,

entre esperanças e passividade surge novos caminhos.

 

Sou amorfo, espectador de meu vazio, nessa minha caminhada.

Tristeza mansa emoldura minhas angústias, torturando-me.

Insondáveis turbilhões compõem essa paisagem desesperançada.

Constato corrosão desses sentimentos, penetrando entre sombras.

 

Destituído de certeza, caminho nessa noite entre medos.

Insondáveis sentimentos perscrutam esse meu quarto.

Resignado, despojo-me dessas lembranças plenas,

lembranças de outrora noite dos nossos desejos torturantes.

 

Agora recolho fragmentos da minha vida insípida, sem emoção.

Recomeçar? Como se não existe mais audácias e lucidez?

Só esse andar claudicante corroendo meus sentidos, espreitando.

Agora só o silêncio dessas noites eternas, desses dias obscuros...