Um vazio penetra sorrateiro pela janela semiaberta,
desordenando meus pensamentos, nessa calmaria.
Permaneço estático, diante da noite escura, absorto,
espreitando turbulências, entre pensamentos e desejos.
Vem com ele, nessa noite minha desmedida solidão.
Esse vazio profundo, nessas incertezas, entre promessas,
nessa noite tênue, anunciando revelações destoantes,
entre esperanças e passividade surge novos caminhos.
Sou amorfo, espectador de meu vazio, nessa minha caminhada.
Tristeza mansa emoldura minhas angústias, torturando-me.
Insondáveis turbilhões compõem essa paisagem desesperançada.
Constato corrosão desses sentimentos, penetrando entre sombras.
Destituído de certeza, caminho nessa noite entre medos.
Insondáveis sentimentos perscrutam esse meu quarto.
Resignado, despojo-me dessas lembranças plenas,
lembranças de outrora noite dos nossos desejos torturantes.
Agora recolho fragmentos da minha vida insípida, sem emoção.
Recomeçar? Como se não existe mais audácias e lucidez?
Só esse andar claudicante corroendo meus sentidos, espreitando.
Agora só o silêncio dessas noites eternas, desses dias obscuros...