Viglio Schneider

Sentir

Me disseram que não sinto igual ao que todo mundo sente ao viver, que capto coisas pelo ar, será?
O que usamos para interpretar a realidade da vida terrena? Nossos sentidos em contato com os elementos.

Sentidos esses que nos dão a direção a nossa mente, que vai processando todo esse sentir na vida e neste viver, nos faz sentir. Assim como filtros que limitan absorver a realidade total, dando definição para o existir essencial, nesta Vida eterna, ditadura bela e tão cheia de oportunidade.

Nos achamos tão livres, que não devemos nada a ninguém e mesmo assim isso tudo nos faz infeliz, infeliz da suposta realidade em que nos encontramos, sozinhos em um canto sem ter com quem estar, carentes com medo de se entregar ou quando acompanhados e mesmos assim separados, por impedir do outro a sua forma de ser e sentir.

Cansamos de nós mesmos? de nossa companhia tão dura e inflexível? Talvez por não ser isso o que realmente somos, mas algo que está sendo imposto a nós, sem mesmo ver, mas se identificando com a voz tagarela do nosso Não ser. Deixamos de sentir por nós e começamos a interpretar o que o outro sente.

Mas existe uma porta, em que nosso Ser aflora, quando apontamos ao Agora, no caminho de volta, respirando e observando o que é este sentir, descompactando e removendo a pressão do Ser, estando apenas em mim.

Vazio e expansivo espaço interior, quanto medo tenho de entrar no obscuro que há dentro de mim?
Será o mesmo tanto de medo, quando ando no escuro do mundo físico, sem ligar uma lanterna ou luz?
Talvez esse seja o motivo do raso aprofundamento de nossa raíz, medo de estar, viver e só presumir, dizendo que é o outro quem não sabe sentir.

Afogando-se no sentir, nessas águas que deságuam por nossas escolhas, que molham apenas os pés, mas que a mente demente diz ser profundo demais, e faz de conta que não sabe nadar nesse mar raso de emoções, com ondas que quebram em mim.

Já não gosto de estar ali, tão úmido e escuro com medo da parte em que é minha responsabilidade ver os erros que cometi. Vou para fora agora, ser quem sou do lado avesso do sentir, dizendo que é o outro que não sabe agir.

Retalhando retratos de onde passei, daquilo que vi, e em mim acostumei. Buscando no outro por o peso de desgosto, pois não tenho coragem de olhar em meu rosto, já que é natural dentro do nosso viver, o acostumar a não ser ou não é? Quais escolhas realmente são nossas?

Afinal, nem o meu nome fui eu quem escolhi, apenas me identifico com a posse do que ditaram a mim. Imagina então, o quão livre estarei para expressar minhas vontades e percorrer os caminhos de luzes apagadas que não foram acessas, justamente para que eu não andasse por ali, dentro de mim.

A não ser que corajosamente acostume meus olhos e acenda minha luz com a atenção, para poder seguir sentindo e me fazendo claro, entrando cada vez mais dentro do meu existir, que se dissolve em caminhos novos, a cada sentido estimulado e para além do presumir, o que e como o outro deve sentir.

Não, eu não, eu não capto coisas apenas pelo ar, mas por todos os 5 elementos primordiais, com os 5 sentidos, os 7 corpos e os 7 chakras, eu sinto o todo, pois no todo estou mergulhado, mas não afogado, pois não perco o fôlego.