Quando o conheceu, era apenas uma menina inocente, de olhos verdes e esbugalhados, um tanto esquisita, com a face encoberta por seus longos cachos desgranhados, uma franja farta, a qual, lhe proporcionou um breve e carinhoso apelido. Afinal não haveria de ser diferente advindo da figura a qual provavelmente fora sua primeira paixão;
-Se não muito a única.
Sempre que ela cruzava com aqueles olhos miúdos, de cor sem igual, sentia todo seu corpo estremecer, lhe passava uma onde de terror, medo, curiosidade, fogo e densas pontadas de querer.
Ao beija-lo pela primeira vez, o gosto de seu alito a fez perder o chão, uma mistura leve e doce de tabaco e menta, um gosto tão novo, tão único que por toda sua vida jamais esqueceu;
-Tão pouco sentiu igual,o gosto do beijo amarelo mel, o entrelaçar das línguas, fogo ardente de impetuosa brandura.
Foi apenas uma primavera dessa paixão latente e abrasadora, mas foi mais que suficiente, para aquela triste menina estranha, sentir que um dia existiria no mundo um lugar só seu.