//meuladopoetico.com/

Arlindo Nogueira

ÍNDIO CABOCLO

Caboclo tem vida dura

No campo não é moleza

Chega da roça já escuro

O jantar já está na mesa

Franguinho feito na hora

Pela Senhora Tia Tereza

Cozido a lenha no fogão

Servido à luz de lampião

Com cheiro da natureza

 

Depois do jantar à prosa

Sobre tempo e plantação

Ouvindo o rádio de pilha

Notícia sobre a previsão

Há chuva vindo do Norte

Sobe as águas do ribeirão

O caboclo vai à pescaria

Na costa do rio só alegria

Peixe ali pega de montão

 

Há lembrança lá do campo

Que o caboclinho remoça

Lembra dos bois de canga

E dos rangidos da carroça

Da velha casa abandonada

Quase perdida na palhoça

Saudades perpassa o peito

Da enxada carpindo o eito

A donde era feita a roça

 

O caboclo é que representa

O caiçara, curiboca, caboco

Indígena de pele acobreada

Miscigena surgiu aos poucos

Do índio e o branco europeu

Tal qual os brotinhos no toco

Das pedras no açude de taipa

Cravadas no chão são marcas

Da força do homem caboclo