Caboclo tem vida dura
No campo não é moleza
Chega da roça já escuro
O jantar já está na mesa
Franguinho feito na hora
Pela Senhora Tia Tereza
Cozido a lenha no fogão
Servido à luz de lampião
Com cheiro da natureza
Depois do jantar à prosa
Sobre tempo e plantação
Ouvindo o rádio de pilha
Notícia sobre a previsão
Há chuva vindo do Norte
Sobe as águas do ribeirão
O caboclo vai à pescaria
Na costa do rio só alegria
Peixe ali pega de montão
Há lembrança lá do campo
Que o caboclinho remoça
Lembra dos bois de canga
E dos rangidos da carroça
Da velha casa abandonada
Quase perdida na palhoça
Saudades perpassa o peito
Da enxada carpindo o eito
A donde era feita a roça
O caboclo é que representa
O caiçara, curiboca, caboco
Indígena de pele acobreada
Miscigena surgiu aos poucos
Do índio e o branco europeu
Tal qual os brotinhos no toco
Das pedras no açude de taipa
Cravadas no chão são marcas
Da força do homem caboclo