Escalei a montanha!
Não vês este rasgo na meia?
Deixa eu te dizer, sobre essa cicatriz de bobagem:
Olhei tanto para o alto... que esqueci de ver paisagem.
Visitei o deserto!
Não vês este grão de areia?
Deixa eu te dizer, sobre essas lembranças sem imagem:
Fechei os olhos tão forte... que sequer vi miragem.
Entrei no mar!
Não vês estes restos de sal?
Deixa eu te dizer, sobre este prato vazio de quem não se acostuma:
Foquei tanto nas ondas... que pulei a espuma.
Vi a neve!
Não podes imaginar estes flocos brancos?
Deixa eu te dizer, sobre os bonecos que fiz:
Reclamavam tanto, mas eram mais frágeis que giz.
Contei estrelas!
Não consegues sentir este brilho?
Deixa eu te dizer, sobre o número que encontrei:
Parecia infinito, mas apagou mais rápido que um, dois e três
Corri na floresta!
Não sentes este cheiro de mato?
Deixa eu te dizer, neste ar estranho e tão imediato:
O tolo que quis tanto ser tigre... era afinal só um rato.
Conheci tanto
Que já nem sei se fui ou vim
Se bom ou ruim
Pois dei a volta ao mundo
E quando voltei a mim
Restava de tantas lembranças
Apenas a Selva
O Caos sem fim