dpesteves

Medo sem instruções de uso

A cada dia, a cada exalação

componho-me de medos

opera triste imaculada

subjugado de entre todos 

pelo rei dos medos

o temor a perder sem refutar

e não me refiro à derrota

em que alguém vence

a minha fobia é maior

senão à singularidade

de possuir indiferente

e não ter mais de repente

não me refiro ao abstrato

ato de ter algo

pois nada se perde

mas sim a dor de mim

é perder alguém

muitos alguéns

todos

até ninguém restar

quiçá

perder-me a mim mesmo

quem sabe?