SAUDADES DA MINHA MÃE
Mãe, ainda a vejo caminhando na terra nua
De pés descalços e soltos os cabelos
Na mão direita ramos de vassourinhas
Cujas sementes e florezinhas murchas
Ia caindo enquanto o frio chão varrias
Mãe, ainda a vejo linda ao velho fogão
De lenha, colocando a ferver o nosso leite
Fresquinho, e ainda quente, do úbere
Da vaca que ao meu ouvido ainda muge
Enquanto lenta caminhava no curral;
Mãe, ainda a vejo cantando naquela rede
A se embalar alegremente nas tardes
Azuis de domingo enquanto esperava
O marido e nosso pai voltar da feira;
Oh, mãe, que saudades que ainda tenho
De ver-te sorridente e a benção dar-te
À noite, de manhã cedo e ao fim da tarde.
LEIDE FREITAS
( 12.06.2022 )