Jonas Teixeira Nery

Manhã transparente

Transparente manhã nesses campos ermos,

perfumado de alecrim nessa tarde calma,

nesses devaneios de minhas lembranças.

Cintilante placidez enlaçando-me, entre magias.

 

Refúgio perfeito, esse oásis contemplativo.

Transparentes calmarias, nos meus descompassos!

Enlaço-me ao passado, recostado nessas emoções.

Efêmera calmaria de coração errante, concedendo!

 

Destoante passado aflorando nessa compulsão,

nesses campos, escancarando aromas e prazeres.

Busco abrigo no calor dessa varanda envolvente,

entre plantas, flores, perfumes, paisagens e encanto.

 

Afloram meus sobressaltos nessas lembranças,

nesse tempo refletindo os meus desamparos.

Eternos desejos nesse mistério, nesses contornos,

desbravando meu ser cansado, nessas feridas.

 

Ainda há tempo para nós?

Recordo-me das carícias infindas de outrora,

consumindo-me no refúgio do seu corpo pleno,

engendrando armadilhas nesses momentos.

 

Ainda há esperança para nós?

Atormentados nessa despedida triste,

atropelando noites entre torrentes de lágrimas.

Chamas se apagam na despedida dos seus lábios.