mars

passado

me pego vendo todas essas poesias inacabadas escritas para um amor morto 

não consigo apagá-las, mesmo sem final elas permanecem lá 

num eterno verso de declaração 

sabe, não consigo me arrepender, de nenhuma delas 

o amor é a verdade do momento 

e naquele momento elas faziam sentido 

naquele momento você fazia sentido 

e eu estou de luto, luto pela morte de um momento 

e tem uma linha tenue entre se permitir sentir falta 

e se agarrar no vazio de algo que acabou 

eu não vou parar minha vida para chorar num luto eterno 

não fiquem bravos por eu não ficar vivendo de passado 

porque eu não lamento escolhas certas 

por mais que eu queria despencar em saudade 

e viver me alimentando desse luto

me culpando por querer viver 

me culpando por querer 

me culpando pelo ato fatal que eu dei 

me culpando pelo ponto final que eu não negligenciei 

não digam que esses malditos passos que dei 

são errados, porque definhar em memórias não é saudável 

fomos ensinados a viver de passado

fomos ensinados a viver num luto eterno 

mas isso não quer dizer que seja o certo a se fazer 

eu luto contra o meu instinto humano de me culpar 

por querer me salvar 

-a todos aqueles que vivem de passado