Heitor Duarte

Demônios divinos

Queria contar uma história de amor como qualquer adolescente, canalizando o sentimento para o outro, mas dessa vez disseram que o problema está em mim. Tenho medo de ser verdade, enfrentar a punição por ser quem sou. Sem poder reclamar, com receio de retomarem e reafirmarem um erro que nem sei se existe, um erro que se tornou dor, que me machucou, me afastou do que fomenta minha arte da vida, deixa-me sozinho, triste solidão, mas até ela parece que me deixou, a única companhia nos dias trevosos, e neles disseram-me para aprender a ligar a luz, como ligar? Estou sugado, exausto, sustentando uma narrativa de força, mas a verdade é que só deixo para depois, porque realmente não tenho como fazer agora, fazer o sentido, sentir-me, não posso, pois me afundaria em lágrimas, constantes e infindáveis lágrimas, nunca foi tão fácil chorar, nós na garganta, mas interrompo esse ciclo pois não tenho tempo para chorar todas as dores. Só precisaria de um lugar de aconchego, com quem me compreende, uma festa de sorrisos e amores, preciso reconectar-me, achei que daria certo fazer sozinho, mas estou em piloto automático, aqui, com medo pensando na hora que não der mais para fugir e esconder de tudo. Medo do futuro, com relações de dependência, tendo que sustentar-me em um lugar que parece nem me caber, mas porque tão arrogante? será que devo pensar que eles estão errados, os que prometem absolvição, os que abominam o pecado, que pecado? Se for pecado, pode-se chamar de vida, é assim que me sinto vivo, com meus leves pecados, qual é essa redenção, porque tantas promessas? Prometo para mim, amar-me, cuidar-me mesmo quando não tiver jeito, isso serve para vocês, que mesmo inconscientemente permeiam pelo meu ser todo ferido.

 

Um dia após o outro

Buscando as válvulas, mesmo que efêmeras

O ser só é quando pode ser

Aproveitando quem te faz bem

Demônios divinos que não causam dor, só amor, só amor

 

Isso eu deixo para vocês, todos que fizeram meus dias melhores, nunca me assustou tanto um recesso, nesse eu não comemoro, to saindo, mandem- me boas energias, vou tentar, só tenho como tentar, e mesmo que não consiga, que todo meu coração se prenda à cada conversa, cada desafio, cada risada, não poderei voltar, apenas amo, como não amar? mas como dizia uma das conexões mais transcendentais que tenho, “um dia dá certo pra todo mundo toty”, e estarei todos os dias da minha vida pensando em vocês e esperando esse dia, que poderei desfrutar de todo esse amor. Riam por mim, curtam por mim, joguem uno por mim, cantem por mim, amo muito vocês do tamanho da cintura de Veruska.