Viglio Schneider

Desabafo

Desabafo porque me reprimo
Desafogando sentimentos não entendidos
Em ouvidos alheios assentando pacotes de dor
Escondendo de mim, aquilo que sou.

Desabafo para desabrir,
Malquistando outros com rancor,
Falando ao espelho, mas sem refletir,
Me derramo pra fora de mim.

Pois não consigo mais segurar
As represas que crio em mim.
As más águas não chegam ao mar,
Enturvando também outro olhar.

Pois parece-me que é só assim
Que o refrigério pode surgir,
Falar com quem tem que falar,
Limpando as águas represadas em mim.

Essas boas águas fluidas em palavras,
Quando oxigenadas, com quem não converso,
Desentravam meu modo de agir e
Desimpedem meu caminho para seguir.