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MayIlhea

Tu


Quando estava escuro
E tudo sossegado
O sonho surgia 
Trazia-te de volta 
-
Sem qualquer mudança
Só desespero com fantasia
E caia uma gota
-
Eras mesmo tu?
-
Começavam pequenos tambores
Choviam possibilidades
Cheiros de esperança 
Comunicavam tempestades
-
Eras mesmo tu?
-
Estou encharcada.
Coberta por promessas
Nostalgia da lembrança
Completamente drogada
-
Só podes ser tu
-
Acreditei na possibilidade
da improbabilidade.
Precisava perguntar
Terias de responder.
Onde estás? O que aconteceu?
-
Não.
Estúpida mentira.
Tu nunca caiste - Não aconteceu.
Não. Não. Não.
E então eu berrei e chorei.
Tao absurdo.
Não. Não. Não. Não. Não.
Realidade inconcebível.
Tu sempre voltaste - Não aconteceu.
Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não.
--
E assim me convenci.
Primeiro os minutos não passavam
Depois os dias iam,
Finalmente os anos corriam.
De outra forma sentiria
O chão desaparecido
A parede e o tecto roubado \\
A sensação de nada
Depois de tudo
--
És sempre tu
A melhor pessoa do mundo
Quem ensinou
A chorar e sofrer
Sem me encolher
-
E Tu não ficas 
E tu não voltas.
Vou acreditar,
tal como já o fiz.
Com tanta crença,
Que me irei convencer.
Para te poder perguntar

Naquele momento de impossibilidade,
Enquanto morrias,
Sabias?
Que nunca nos deixarias?

És mesmo tu.
Tanta dor. Eras tu,
a tentar dar-me um pedaço,
para não ficar tão solitário.
---
E agora,
Só eu e tu vamos sem nada. 
Tu e eu 
ficamos com tudo.
Assim espero ter força 
para nunca te ir procurar.
E que tu me consigas
encontrar.