Quando deitaram fora a riqueza
E no chão reduziram o ouro a coisa nula,
Foste embora,
Como se ali não te precisassem mais;
Como se nada mais tivesses que fazer naquele canto;
Como se o tempo tivesse evaporado
Em exalação que voou para o mundo além da compreensão do espírito;
Como se teus sonhos tivessem acabado
Nas horas de um relógio universal que parou.
O pó, o pátio, os procedimentos,
Os acordos e acordes de risadas
Nas tristes realizações;
As manhãs ensolaradas de tuas chegadas,
Esvaziaram de beleza e encanto,
Esvaziaram de existir…
No céu, pássaros mergulham no vazio que te engoliu,
Nuvens sucedem-se confusamente;
O azul do infinito estampa o ranço das eras.
Mas… não…
A novidade não te contempla.
No novo tempo não estão teus minutos.
Nessa nova morte que nasceu,
Tua vida está mais distante
Que o horizonte mais fugidio.
Nessa nova morte que ganhou vida
Saindo das páginas de um livro de feitiços cruéis,
Teus passos, em novos rumos,
Seguem a mesma direção
Do ocaso de um dia laborioso
De envenenar com tristezas;
De sepultar, gravando na lápide da noite,
Descanse em agonia;
De sair e chegar parando um coração,
Como um fantasma de amor e desejo;
De acender ou apagar as luzes
Queimando o fogo com ardor,
Deixando para trás a tortura
Em vivas feridas em carnes virgens
Dos açoites de teus beijos.