Jonas Teixeira Nery

Tempo, tempo!

Quero desatar amarras nessa vida,

esquecer minhas desilusões e rancores.

Construir novo mundo, sem conflitos,

sem sombras, despir-me desse tédio.

 

Lentamente cruzar essa linha tênue,

deixando esse leito miserável e frio.

Libertar-me das armadilhas dessa vida,

esse umbral de incertezas, desgarrar-me.

 

Soberbamente afagar minhas esperanças.

Sem as indiferenças de outrora, navegar.

Quero escrutar-me! Desabrochar minha vida!

Impossível prosseguir sem ressentimentos.

 

Suavemente inquirir-me, nesses passos trôpegos.

Recompor minhas dúvidas passivamente.

Ruminar todas as lembranças, esquecer, resignar-me.

Quero sentir o coração pulsar. Amar outra vez?

 

Basta desse tempo de abalos, de amarguras.

Chega dessa escuridão, desses sonhos corrosivos.

Quero novos olhares, sem angústias, nessa tarde.

Novos dias, renascendo sem inquietações e abismos.