Dias desses quando andava desanimado decidi mudar de profissão, cansado da advocacia, seus traumas, celeumas, letargia, optei por voltar para a escola, quando eu disse ninguém me deu atenção, mas eu sou persistente, e logo cheguei a uma conclusão, eu quero voar. Para voar eu precisava encontrar uma escola de passarinhos e a partir de então comecei observar.
Todos os dias ao amanhecer, antes do café da manhã, eu colhia hortelã e me sentava na varanda. Logo um passarinho se aproximava, pousava perto da minha mesa, e eu por gentileza, o servia com um pedaço de pão, e o passarinho folgado, entre o pouso e o trinado, já comia em minha mão.
Logo outro passarinho chegava, se servia de pão e cantava, e aquele simples café da manhã, de café com pão e hortelã em uma reunião transformava. Um beija flor, um bem te vi, uma andorinha que voava por ali também pousava. Meu quintal ficava em festa, parecia uma floresta onde a passarinhada reinava, sem brigas, intrigas ou confusão, e aquele passarinho que comia em minha mão, indiretamente organizava.
Sim, eu resolvi mudar de profissão, cansado da advocacia, suas disputas, celeumas, burocracia, para escola vou voltar, vou virar passarinho e voar. Vou escrever minhas aventuras em folhas de papel, vou brincar com o vento, fazer catavento, vou voar até o céu. Canarinho ou beija flor, eu vou cantar o amor e escrever poesias, e já aviso de antemão, passarinho eu quero ser, eu quero voar, quero cantar e enfeitar o mundo ao amanhecer.
Jose Fernando Pinto