Quando te sentires amargo.
Vem e senta aqui comigo.
Tome desse doce trago.
Faça-te já meu amigo.
Tome um gole no gargalo.
Cuspa no chão, blasfeme, ofenda
Deixando descer pelo ralo.
Essa rica oferenda.
Toda a mágoa que lhe ocorre.
Por todos os canalhas do mundo.
É a mesma que me socorre.
Nesse lamaçal profundo.
E com narizes empinados.
Vamos nos embriagando.
Seguindo determinados.
No vazio nos afogando.
Quando te sentires triste.
Senta aqui à minha mesa.
Declama uma elegia.
Em hora à nossa pobreza.
Quando estiveres cansado.
Da vida e do seu labor.
Descansa aqui ao meu lado.
Bebendo desse dissabor.
Não tema o que há de vir.
Celebre feito criança.
Sorvendo esse elixir.
Selando essa aliança.
Te conclamo vagabundo.
A celebrar a tristeza.
Que todas as dores do mundo.
Deixaram aqui nessa mesa.
E no final, pobres coitados.
Prostrados em apatia.
Esperamos tresloucados.
Pelo trago de um novo dia.