Sonhos perdidos…
Houve um tempo
Tempo de sonhos, de monstros medonhos. No olhar criança, magias e ânsias
Trazia nos pés, o pó vermelho
Nas mãos, o sabor da fruta madura, da lida dura, revestida de esperança
Houve um tempo, de riso raso e água límpida tirada em um poço fundo.
De olhar sentido, das dores do mundo… tempo duro e magro
Da terra vinha o fruto, pobreza era rainha Mor, com sal e suor, tudo era por ela temperado.
Naquele tempo, a criança era inventora. Inventava aviões e barcos de papel, bonecas de pano e milho. Inventava até um céu…
Lembro do tempo de natal, sapatinhos na janela, quitandas na cozinha. Era esta, a festa principal, nenhuma outra, era de tão afoita espera. Esperava- se o Deus menino, em união com o divino. Papai Noel, era ainda magrinho…
Criança tinha seus afazeres, tinham sonhos e planos, muitas vezes em balanços e redes.
Não havia muitas coisas prontas, mas, um mundo onde se podia ser, sem muros ou paredes.
Houve um tempo, parece ter sido ontem,
hoje, a criança perdeu a vontade de inventar.
Há muito o que olhar, pouco tempo para sonhar…
Ema Machado