Jonas Teixeira Nery

Laços e abraços

Obscenas palavras ditas nesse deleite.

Obrigou-me a possuir-te inteira, nessa noite,

entre tantas noites de entregas plenas e prazeres,

na imperfeição das nossas carnes, nesses coitos.

 

Te escolhi, te olhei, deslizei meu corpo,

ao teu encontro, sem altivez, com desejo apenas.

Belicosamente nesse mundo que gritava de desejos,

me arremessei a tua boca, nesse instinto, nesse frêmito.

 

Na aflição de te amar, liberei essa fera conturbada,

nessa noite que se multiplicou entre sexo, vinho e êxtase.

Desejo, tantos desejos remoendo minhas entranhas.

Depois silêncio nesse íntimo laço, nesse abraço.

 

Colado entre a noite e teu corpo, permaneço.

Entre suores e sonhos me enterneço, extasiado,

contemplando teu corpo desnudo, nesse sono,

na consumação da tua entrega, nessa noite calma.

 

Meu amor é assim, sem pudor, desmedido, urgente.

Esse amor é assim, louco, nesse frenesi de nossas bocas.

Roubei cada beijo dos teus lábios escancarados, deleitosos.

Amanheceu a minha volta a nudez desse teu corpo desejado.

 

Ao redor dos teus ouvidos, faço versos desmedidos,

anunciando esse dia vacilante de flagelo, tão lascivo,

entre a claridade dessa manhã de espasmos, meus clamores,

desabrochando novas emoções, nessa tua mirada insistente.