Eu estou perdida na nostalgia de lembranças mortas
Eu estou me agarrando a sentimentos que me traziam sofrimento
Porque o amor é lindo
Porque a companhia é agradável
Porque os eu te amo são confortáveis
Porque abraços são meu ponto fraco
Porque o amor, ele existiu, esse é o problema
É muito mais difícil de esquecer uma verdade, do que uma mentira
Mas ao longo do tempo eu me envolvia nessa distopia
Misturando verdades e mentiras
Ignorando todas feridas que me dissecavam viva
Me consumindo em um arrependimento
Arrependimentos por sentir saudade
Arrependimento por sentir dor.
Eu amo fantasias e distopias
Foi tão mágico viver uma
Foi tão trágico ser uma
Me melando em poréns e porquês
Tentando justificar todo meu amor
Tentando pontuar toda minha dor
Cometendo erros gramaticais
Me recusando a usar os pontos finais
Tentando arrumar motivos para permanecer amando
Amando pessoas que merecem meu amor
Pessoas que sentem muita dor
Mas abandonando a que mais precisa
Me abandonando
Me jogando
Me ignorando
Me forçando a carregar pesos emocionais
Que me atormentavam nas noites escuras
E nos dias mais brilhantes
Garantindo de me pertubar com minhas cicatrizes mais profundas
Justificando aquela carga com a ideia de ser amada
Eu quase me culpo
Mas não o faço, me recuso a me definhar em escolhas certas
Só porque faze-las dói
Me recuso a parar de honrar meu português, engolindo ponto finais
Cuspindo parênteses e comendo verdades, porque a verdade dói
Dói no coração de quem não quer ouvi-la
E eu não posso come-la sozinha, me enganando que talvez eu deva fingir
Fingir que isso não me destruiu tanto quando me fez sorrir
Fingir que a culpa é minha, que eu sou errada e ignorante
Quando meu ser mentiroso implora pela minha sinceridade
Eu não engulo mais essas verdades
Porque ela nunca foi alimento
Mas eu as engolia para poupar a maioria de ouvi-las
Para me poupar de ouvi las
Porque talvez se eu não falasse em voz alta não seria tão dolorida
- a todos errantes do português