Sou a mesma de antes
Mas diferente
Vivendo na mesma mesmice
Mudando todos os dias
E permanecendo igual
Meus olhos ainda são da mesma cor
Mas agora com outro brilho
As minhas palavras são escritas com a tinta da mesma caneta
Mas com rimas mais ambíguas
Minhas digitais permanecem iguais
E no meu rosto ainda escorrem lágrimas de dor
Talvez com um sabor menos salgado
Mas traçando os mesmos caminhos esburacados
Eu sou o mesmo rio, que todos conhecem
Com águas doces e salgadas
Partes rasas e profundas
Desaguando no mesmo oceano
Minhas águas são cristalinas
Mas quando contaminadas me torno poluída
Poluída pelo mundo
Poluída pela estagnação
Poluída pelo passado
Então as minhas águas correm
E nascentes novas surgem
Mesmo no medo de renascer todos os dias
O Rio sempre será o mesmo
Mas minhas águas a cada fase terão sabores diferentes
E nenhum desses meus riachos são errados
porque no final todos me desaguam no oceano que é meu âmago
-a todos aqueles que são os mesmos