Um dia lançou seus olhos ao horizonte
e lá, onde o nada se pintava de azul,
deitou sua alma à espera de todos os mistérios.
E as nuvens vermelhas do sol poente
eram como labaredas de um fogo
que se guiava ao fim do que nunca fora,
mas devia ter sido.
Nas trevas da noite mansa e implacável
não descansava o destino entre estrelas e lua,
antes no perfume das flores sob as sombras
que o notívago, entorpecido pela escuridão de si mesmo,
se não apercebeu.
Quando ele menos esperava, explodiram suavemente,
as primeiras luzes da aurora,
fugidias à sua mente vazia, dispersa no suco amargo
da ignorância.
Baixou então sua fronte e pisou raivosamente
o solo úmido do beijo apaixonado de todas as manhãs,
como quem despreza um tesouro
por sentir-se inferior a ele.
Entretanto, do seio do inesperado saltou,
leve e contundente,
a verdade
que de tão simples,
jamais foi compreendida.