A FLOR
Na vala de excrementos eu vejo a flor nascendo.
E no odor
Das larvas
Eu vejo a flor vivendo.
E assentadas
No chorume de cartilagem preta
Eu vejo a flor morrendo.
A dor lhe murcha a pétala
A fome lhe tira a seiva
E sua boca abre-se ante o sabor do veneno.
E não era só uma flor
Eram várias flores
E não era só uma dor
Eram muitas dores
Dores na alma
Dores nas vísceras.
E a flor não era flor
Porque a seiva era sangue
E o caule era um corpo
Morrendo de fome!