Uma criança me perguntou:
“-Tio, como é ser poeta?”
Naqueles segundos que parecem uma hora.
Respirei...
...Inspirei
Falei, meio que nervoso:
“-É ser um menino feito de rabiscos e riscos.
Um tolo sem pé, nem cabeça.
Um relógio sem dia, nem hora.
É ser uma estrada sem placas e sinalização,
apenas uma pista que você anda, anda e anda.
É ser uma roupa nova, sempre guardada para usar
nos passeios de domingo.
Eu, na verdade, não sei o que é ser poeta.
E talvez seja por isso que eu me descobri poeta.”