... então, despropositadamente, você surgiu!
Entrou, tão lentamente, em minha casa, inspirando-me sonetos,
arfando desejos, nesses momentos intensos, provocando arrepios.
Depois, tudo se transformou catarse, com sua impetuosidade feminina.
Transbordamento de carícias, nessa concessão da sua boca.
Inquietações, insensatez dos nossos corpos entre toques,
nesse alvoroço, nesses seus cabelos espalhados pela cama.
Foram desejos, nessas suas ancas entre deleites, nesse quarto.
Veio a embriaguez no exalar dos nossos corpos,
nessa impetuosidade, entre suspiros profundos e profusos,
nesses descompassos, nessas carícias impraticáveis.
... então, propositadamente, você se foi silenciosamente!
Foi numa madrugada fria, deixando essa profunda melancolia.
Perenemente, permaneço, no alvor dessa manhã silenciosa.
Há ainda a ilusão se mesclando nessa realidade enlutada.
Há a mão que tateava seus seios, o olhar que observava sua silhueta,
uma luz preguiçosa que invade essa casa, esse fogo a queimar-me.
Lentamente me desfaço desses suores, nessas lembranças.
... então chega essa nostalgia, essa tristeza, essa saudade.