HAROLDO SOUSA

CORREDEIRA DO URUBUÍ

Num vento que refresca minha face

Sinto o perfume dessa terra

Das águas do rio encantado,

Da força de sua natureza

Agora sei onde estou

Acordado continuo a sonhar

Em frente à espuma das águas

Correndo nas pedras

Espírito em movimento

Emoldurado pelas cores da vida.

Na corredeira se vai, mas continuamente se chega

Todos os dias, todas as horas, todos os segundos

Em todas as estações, ao sol e à lua,

Não cessas nunca, não cansas, nem descansas,

Apenas te escondes dos olhares distantes

dos teus amores de fins de semana.

Tens o desejo escondido do amor proibido,

Tens água santa a lavar os pecados locais em batismos.

És o refúgio dos poetas cansados,

ou dos humildes residentes, amigos de sempre

e amores cotidianos.

O cheiro das águas tuas é o perfume que nos representa.

Corrida da vida, corrente de sonhos,

Correnteza de amores acorrentados na saudade que muitos sentem de ti.

Descanso dos forasteiros, tormenta dos apaixonados.

Violência e tranquilidade juntos em si,

Numa explosão de sensações.

Sendo apenas uma, multiplicada em imagens que nunca irão se repetir.

Molhar os pés ou se lançar inteiro?

É o dilema escondido em cada visitante

Às tuas margens, e às margens da vida repetidamente

Rumo ao destino de todos nós

Vai tuas águas ao curso do teu rio em mim

Corredeira de sentimentos

Sem começo, meio, nem fim.