Jonas Teixeira Nery

Somatório

Sempre foi da mesma forma!

A vida entrando devagar, destoante,

perpassando esses tempos indeléveis, em cada dia,

nas frestas de cada existência, esse tempo austero.

 

A vida marcando cicatrizes nesse tempo de incertezas.

Tempo de angústias, matando-nos, descontruindo,

murchando flores, envelhecendo-nos, apagando paixões.

A vida e o tempo nessa luta permanente, prostrando-nos.

 

A vida se esvaindo nesses tempos, sem atropelo,

assolada por tristezas, entre tempos zombeteiros...

Dizer que o tempo ameniza, é mentir, nessa vida,

vida que passa na composição desses dias de mormaços.

 

Sempre será assim, essa conflituosa relação!

Vida e tempo, associados, deformantes, transgressores.

Pondo rugas em minha cara, profundas marcas,

emoldurando-me com essa bengala, prostrando sonhos.

 

A vida é o tempo passando, emoldurando feridas.

É areia movediça, olhos tristes nesse anoitecer de tantas vidas,

É uma desolação, uma desconstrução, um atropelo de lembranças.

Resultante desse conflito entre a vida e tempo só resta espanto!