Interpretando lembranças…
Ema Machado
Um cheiro de ontem invade a memória.
Carregado de vivência, de história…
Um lugar diferente, onde tudo permanece estatístico, e, visito sempre, num reconhecimento tardio de que fui tudo o que podia ser…
Passeio pela grama da infância, de onde avistava um futuro diferente. Era gente pequena imaginando ser grande. Sempre tinha olhos à frente. O presente, esquecia de beber… Alimentava-me de sonhos, tinha fome de um tempo melhor pra viver.
O frio na pele, vestes rotas, era o que marcava a vontade de vencer.
Alimentava-me de sonhos, mas, um pouco tristonho, hoje volto ali para entender: tudo que vivi, ajudou-me a ser hoje o que sou… Valeu por tudo o que me fez crescer.
Ainda trago na boca, os sabores da infância, aromas peculiares, de iguarias tantas. Mastigo sempre, uma aqui, outra ali entre lembranças.
E tudo, tem melhor sabor hoje, sobrevivi…
Observo o rústico chão em puro assoalho, os poucos cômodos e todos os irmãos amontoados. Uma simbiose de calor necessário, tudo para se aquecer.
Faltava tudo, menos amor. Foi ele o mestre, lições as quais aprendemos… tudo tem seu tempo para acontecer…
Ema Machado.