Jonas Teixeira Nery

Só quero o tempo

Não quero o tempo, esse tempo maldito,

que teima em correr nesse lento deslizar,

nessa vida de incertezas, de renúncias, de solidão!

Entre imagens confusas, nesse tempo de quimeras.

 

Só quero o tempo de despojamentos, de clamor,

tempo de amores sonolentos, de lembranças ardentes,

que me leva nessa viagem sem volta, entorpecendo-me,

sem dissabores nesse caminho de imprudências.

 

Não quero que a vida, essa vida besta,

me transporte para um lugar qualquer, sem atalho,

sem a avidez desses dias de febris saudades,

de amanheceres, nessa paisagem entre ecos e clamores.

 

Só quero viver a essência dos tempos complacentes,

dessa vida se tornando, de repente, espontânea,

que em mim desabroche músicas longínquas e emotivas,

que não seja outono, de folhas caídas, de abandonos.

 

... e que tudo seja certeza nessa caminhada de esperanças.