Não quero o tempo, esse tempo maldito,
que teima em correr nesse lento deslizar,
nessa vida de incertezas, de renúncias, de solidão!
Entre imagens confusas, nesse tempo de quimeras.
Só quero o tempo de despojamentos, de clamor,
tempo de amores sonolentos, de lembranças ardentes,
que me leva nessa viagem sem volta, entorpecendo-me,
sem dissabores nesse caminho de imprudências.
Não quero que a vida, essa vida besta,
me transporte para um lugar qualquer, sem atalho,
sem a avidez desses dias de febris saudades,
de amanheceres, nessa paisagem entre ecos e clamores.
Só quero viver a essência dos tempos complacentes,
dessa vida se tornando, de repente, espontânea,
que em mim desabroche músicas longínquas e emotivas,
que não seja outono, de folhas caídas, de abandonos.
... e que tudo seja certeza nessa caminhada de esperanças.