Navega o barco, sem rumo, inoportuno.
Carrega as cismas, imprimindo meu corpo.
Leva angústia, essa angústia flutuante e perene.
Permaneço inerte, desesperado, desesperançado.
Navega o barco, intransigente, sem rumo.
Sem rumo permaneço com esse corpo exausto.
Sem atalhos navego nessa vida de incertezas.
Entre marolas esse barco das minhas lembranças.
O vento sopra, o cais se afasta, navega o barco.
As velas dançam persistentemente nessa viagem,
desde um porto fictício, embalando pensamentos,
levando devaneios e saudades entre portos.
Navega o barco oscilante, impreciso.
Introjetando meus desejos nessa miragem.
No balouçar das ondas renascendo meu deleite,
através do barco, a esmo, nessa viagem, meu espanto.
Lentamente se desvenda os segredos,
desse barco deslizando entre sonhos, entre medos.
Nessas noites estreladas, convidativa, me deleito,
entre as amarras desse barco errante, me encontro.