Jonas Teixeira Nery

Esse barco

Navega o barco, sem rumo, inoportuno.

Carrega as cismas, imprimindo meu corpo.

Leva angústia, essa angústia flutuante e perene.

Permaneço inerte, desesperado, desesperançado.

 

Navega o barco, intransigente, sem rumo.

Sem rumo permaneço com esse corpo exausto.

Sem atalhos navego nessa vida de incertezas.

Entre marolas esse barco das minhas lembranças.

 

O vento sopra, o cais se afasta, navega o barco.

As velas dançam persistentemente nessa viagem,

desde um porto fictício, embalando pensamentos,

levando devaneios e saudades entre portos.

 

Navega o barco oscilante, impreciso.

Introjetando meus desejos nessa miragem.

No balouçar das ondas renascendo meu deleite,

através do barco, a esmo, nessa viagem, meu espanto.

 

Lentamente se desvenda os segredos,

desse barco deslizando entre sonhos, entre medos.

Nessas noites estreladas, convidativa, me deleito,

entre as amarras desse barco errante, me encontro.