Hébron
Ao velho Bardo
bardo, velho bardo
que mares são esses
e essas rimas revoltas?
caro velho bardo
são breves pareceres
e os sinais de recoltas
claro, recolhe-me também
e os versos que me provém
são palavras alquímicas
que afiam-se sísmicas
a ilusão em bordão
a razão em refrão
inexplicável bardo
sem querer ser claro
os voos são para todos
palavras podem ser rotas
a serem decifradas
labirintos, denodos
e o valor que se afiancia
que se garante nas notas
em notas dobradas
a contemplar uma melodia
enquanto gritam compassos
e nas noites guarda-se sonhos
teço silêncios em brados
mas eu nada lhe proponho
sigo despretensioso lema
meu critério é uma fantasia
em meu suspirar de versos
e na íris dos meus poemas
meu eu lírico de todo dia
traduz muitas eternidades
e tantos deslizes remidos
e transcende os sentidos:
dentro ou fora da verdade
pode-se haver poesia
com resignação, protesto
ou desconexo e impossível
pronúncia do imponderável
conto trinta e nove e esse
pode-se haver outros versos
eu lhe trouxe aqui e peço
verse-se por onde divago
meus versos são vezes
nas linhas que enlaço
são essas rimas remansas
oceano dessas andanças
bardo, velho bardo