Distância sombrear da alma
Qual trauma do descontínuo
Num palmilhar sem destino
Há passos sem textualidade
Quem parte dá-te as costas
Quem fica não tem resposta
Nos átrios pulsam saudades
Aqui onde a terra se acaba
Ali é onde o mar principia
Camões escreve isso um dia
Em seu perceber profundo
Do mar que segue em frente
Levando os átrios da gente
Pra outra parte do mundo
Distância é como um túnel
Qual ensombrecer da retina
Vulto por detrás da cortina
Ofuscar do mais importante
Fugidio da imagem da vida
Tudo muda com uma partida
É intervalo de dois distantes
Na distância se tem sonhos
Mas não se tem a realidade
Quem vai só deixa saudade
Qual ser e estar que já era
Quem fica tem a consciência
Tê-la só em correspondência
Mundo virtual sem matéria