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Jose Fernando Pinto

Eu falo com os passarinhos

Eu já não sei falar de amor, às vezes falo de dor, outras vezes falo de flor e assim sigo tentando fazer poesia, construir fantasia num mundo sem cor. O mundo já não acredita no amor, é um mundo arredio, muitas vezes vazio, preso no alvedrio das redes sociais.

 

Eu já não sei falar de amor, às vezes falo do ser humano, outras vezes falo de um plano de continuar fazendo poesia, vivenciar a magia que a literatura fomenta. É o prazer da leitura, hoje perdendo espaço, que muitas vezes eu traço em palavras singelas, tentando criar aquarelas com palavras e rimas, em versos ou prosas que como as rosas despedaçam ao vento.

 

Porque eu já não sei falar de amor, às vezes eu falo do tempo, passado, futuro, o momento, lembranças de outrora que ainda sangram por dentro, fazem o coração pulsar acelerado, o peito apertado e lágrimas ao vento. É a vida que fica para trás, vai passando e nos faz cada dia menos humanos, perdendo a empatia, acostumando-se à carestia, de amor, de calor e sentimento.

 

Eu já não sei falar de amor, às vezes eu falo com os passarinhos, quando voando ou em teus ninhos, nos ensinam que o voo é mais importante que o destino, que em cada adulto ainda existe um menino e a natureza pode ser um professor. Eu? Eu já não sei falar de amor, agora eu vivo a escrever, sobre o que eu fui, o que eu sou, um pouco do meu sofrer, porque falar de amor é para os fracos, os fortes amam e ainda preferem viver!

 

Jose Fernando Pinto