Ó Deus, venho a ti desconcertado.
Desconcertado como uma mãe que perde o filho.
Desconcertado como os pensamentos depressivos de um suicida.
Desconcertado como um homem que perde uma mulher querida.
Ó Deus, venho a ti humilhado.
Humilhado por ter pecado.
Humilhado por pedir-te misericórdia sobre meu sofrimento.
Humilhado por querer uma chance de consertar os erros meus.
Ó Deus, venho a ti amargurado.
Amargurado por pensar o já pensado.
Amargurado por não aceitar aquilo que já é certo.
Amargurado por não entender algo tão claro.
Ó Deus, seria eu digno de amar e ser amado? Seria tudo que passei apenas algo passageiro? Seria o amor aquela tão bonita flor?
Ó Deus, o que é amar senão se entregar, e não há algo mais digno do que se doar.
O que é a vida senão coisas passageiras, que entram no trem divino do destino e descem no ponto do desconhecido.
E o que é o amor senão aquela tão bela flor, com suas cores hipnotizantes, exalando um odor de atração.
Ó Deus, estou remoendo meus pensamentos, moendo em minha cabeça, cada pedaço dela como se fosse meu.
Internalizo em meu coração, toda sua desamorosa paixão, todo o fogo que já é cinza, essa brilhante escuridão.
Ó Deus, sinto essa tão profunda dor, dor de um tiro que faz minhas lágrimas correr, correr pelo meu gélido rosto, rosto de tristeza e espanto por sentir tal estrondoso tremor.