Toda mãe é ser divino
Padronização cruel
Um patriarcal pincel
Ter filhos é seu destino
E quem não quer eu abomino
Uma perversa agonia
Que sempre tira alegria
Trama macabra infernal
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria.
Toda mulher tem opção
Decidir o que fazer
Se ser mãe vai querer ser
Ou focar na profissão
É só sua a decisão
Não a tranquem na abadia
Se ela não quer ser Maria
Isso é algo bem normal
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria.
As mulheres não são santas
A mãe pode ser vilã
Também pode ser divã
Retirem delas as mantas
Gritos presos nas gargantas
Emerge sua magia
Ou malévola alquimia
É algo bem surreal
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria.
Cuidando bem revelam
Uma linda vocação
Outras sem inspiração
Se mostram e afivelam
Com sua dor martelam
Frustração e antipatia
Só demostram apatia
Mulher não é animal
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria.
Pois parem de idolatrar
Um ser só por ele ser
Nem todas vão merecer
Todo padrão vai abalar
Sua crença vai frustrar
Rótulos sempre atrofia
Sua vida embarcaria
Numa mentira ancestral
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria.
Outros tentam explicar
Essa estranha rejeição
Da mãe e do seu filhão
É ancestral vão falar
Coisa a regularizar
Eu não sei se isso diria
Ou também explicaria
Antipatia anormal
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria.
Nossa mente é insondável
É preciso ter cuidado
E nunca ser afobado
Julgar não é aceitável
Muito menos agradável
Como você agiria
A química mudaria
Falo da coisa hormonal
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria.
Seja qual for o motivo
Não cabe meu julgamento
Nem recorro ao firmamento
Não quero ser abusivo
Ou também acusativo
Respeitar eu só faria
Sempre, de noite de dia
É isso que acho legal
Não se nasce maternal
Torna-se ao cuidar da cria