Claudio Reis

NUMA TOTAL PLENITUDE

O sol está pleno
O céu azul é imenso
As árvores balançam com o vento
Quantas flores se mostram no jardim
Um bando de passarinhos voam nos ares
E as borboletas com asas coloridas então!
O pensamento num segundo se distraí 
Só se é possível ver e sentir a beleza de ser
Encontrar nestas formas um lugar para estar
Permitir o cheiro de amor invadir os pulmões
Respirar o ar bem fundo e deixar acontecer 

Desconectar-se da matéria e sentir emoções  

Os automóveis passam carregando ilusões 
Transitam pelas ruas da cidade em qualquer direção 
Em seus interiores vão os buscadores da vaidade
O pobre, o rico! Culpados e inocentes na multidão 
As mesmices bestiais os empurram no abismo 
Acreditam terem encontrado a real felicidade
Tentam enganar o tédio, fogem da escuridão 
Passam dias e noites com as pedras rolando
Chegam os mais novos, despedem-se os mais velhos 
Sina do destino que segue rude, tudo vai continuando

Que o mapa da mina, do tesouro se apaguem
Nenhuma vontade ou lembrança seja mantida
Tudo está desperto neste novo maravilhoso  lugar
As cores tem muito mais cores sob a luz do Sol 
É possível assistir a este espetáculo sem nada pagar
A pressa deixa de existir para contemplar tudo lentamente
Findam-se os murmúrios, as queixas e as lamentações
Absorvido pelo belo da vida alegre e contente vai
Plenificado, uno a natureza! Definitivamente sem ilusões. 

Cláudio Reis