Procurei por mim
Em todos os cantos do meu jardim
Andei em alamedas...corredores
Colhi, pra aproveitar o tempo, Lírios...rosas...
Senti de todas as flores, o perfume
Vi muitos beijos de beija-flores
Em seus beijos de costume
Mas eu, lá, não estava
Procurei por mim, então
Nas linhas do meu corpo pequeno
Toquei meus lábios...
E tocando-os, lentamente, com as mãos
Senti o calor do hálito, sereno
A voz, pela indecisão, ainda calada
Não me quis dizer nada
Resolvi me procurar na extensão
Lisa e macia de meus braços
Encontrei marcas de alguns abraços
Lembranças que até me tocaram o coração
Mas eram só mesmo vestígios
De um carinho bom ou mesmo artifícios
Para que eu, na ilusão, não me perdesse
Procurei em minhas mãos
Nas linhas quase enrugadas
Onde o tempo, louco, escreveu
Muitos acenos... despedidas
Alguns com tanta dor marcada
Outros nem tanto, só mesmo uma ida
Procurei em meus pensamentos e lembranças
Confesso que tinha muita esperança
Pensava: lá, certamente, devo estar!
Vi-me em muitas brincadeiras de menina
Pique-esconde ou pulando amarelinha
Inocente, não sabia sobre saudade
Nem da dor que ela traz
Continuando minha busca
Olhei com cuidado, bem devagar
Vasculhei todos os pontos do coração
Mas lá, também, eu não estava
Resolvi olhar com mais cuidado
Para entender o porquê de estar
Perdida nas lembranças, sem razão
Em todos os traços do tempo...da vida
Nas viagens de volta depois das idas
Foi, então, que no coração,
Em seu escaninho,
Encontrei lá, bem escondidinho
Alguém que não sou eu
Pode até parecer loucura
O que esta busca me deu
Mas talvez só aos loucos, haja explicação
Para o amor que me seduziu
Que faz de ti, morador do meu coração
Desde sempre, eternamente...
Edla Marinho
Dezembro 2018