A cabeça se abaixa
A ideia não encaixa
O espelho mostra um franze em meio à testa
Quem me dera um canto de boca pra cima, como se tivesse em festa
No banheiro eu me refaço e volto à luta meio que quebrando galho
Ao som do tictaqueado espero o fim da jornada de trabalho
É que desde ontem estou assim meio nocauteado
Na verdade muito antes já estava derrotado
Tal qual um ouriço parado
Feri quem vive ao meu lado
Mas logo aquela que prometi meu amor eterno?
Mas que amor é esse, se não sei mais ser fraterno?
Ela disse sentir falta de quando eu sentia sua falta
Mas eu fiquei parado, não fui capaz de dizer nada
Na verdade eu não tenho tristeza
Na verdade eu não tenho frieza
Agora só remorso, e uma grande aflição!
Será que é sinal que ainda tenho um coração?
Será que ele só sente quando leva um chacoalhão?
Aaaahh! Que raiva, que raiva, que raiva!
Porque não foi na frente dela que minha boca gritava?
Pra ela ver que ainda quero construir com ela uma história
Mas ao mesmo tempo tenho medo dos meus arquivos de memória
Será que depois de tudo eu esqueço?
E de novo será que esmoreço?
Será que volto para aquele meu velho dia a dia?
Dia a dia...
De apatia