Foi embora de Pasárgada
Súdito tolerante
Cansou de ser amigo do Rei
De sua régia vontade e de suas idiossincrasias
Planejando ser fora da lei
E importante
Foi em busca de um espelho mais generoso
Onde pudesse se ver como ele lhe via
E como queria ser visto
Novo e maior
E o espelho lhe convencia
Envernizou a alma
Comprou roupa nova
Botou gravatas de seda reluzentes
Armadura impecável donde não se visse ranhura
E ninguém visse cicatriz
Se viu, para tirar a prova
Mudou a assinatura
Abriu o caderno e rasgou o que tinha escrito
Era outro, mas esquisito
Mas quem sabe assim fosse feliz
E mais bonito...