Liduina do Nascimento

A vida passa

 

 

A  vida  passa

 

A  réstia de sol no copo vazio,  na minha
vida, quase apagada... sem você, sou nada.

No copo vazio,
as minhas incertezas seu brilho invadia...
o vento na roseira, inocente, brincava, 
a chuva cansada, aos poucos fugia.

Reforçava-se o  medo, do indesejado calor 
de outras noites e das madrugadas.

A poesia calada... alimenta-se de medo, 
e de dor,
de algo mais forte, o que nos acode, 
é a fuga para o  mundo da fantasia do amor.

O que nos acode...
é o desejo de  banhar os pés nas águas
que vem do riacho dos sonhos, 
que puxa pelos ouvidos o barulho
relaxante das fontes...

enquanto  no fundo mais escondido da alma
a suave lembrança, dele e do seu silêncio
que na minha urgente saudade se encanta.

Ele, minha vontade pura...  de amor, sim,
e de poesia ausente, alimentando sempre,
a felicidade fúlgida que vai e que vem,
sem desistir do sonho que é dele,  
ele, que vive em mim.

Vive em meu peito, encravado em meu coração,
de infindo alvoroço,  meu céu, meu poço,
nas longas horas que ele, por seus motivos,
some...  nele há vida, há tanta graça!

Sem ele, espero o tempo, e a vida passa.

Nele estão os meus suspiros, sem ele,  sei,
sou tão pouco
sou quase ninguém, nesse amor, a vida 
não me reprime ou consome.

Minha alma é um mundo lindo e louco,
que erra os caminhos, mas só chama o seu nome.

 

Liduina do Nascimento