Arlindo Nogueira

ANDANTE

A noite vinha chegando

Naquela estrada deserta

Os pirilampos piscando

No campo dando alerta

A noite chega sombrosa

Estrelas oscilam incertas

O andante tem vida nua

E somente o luar da lua

Lhe serve como coberta

 

A lua uma grande esfera

Em movimento rotação

Tece seus raios na terra

Desvelando a escuridão

O andante tira sua esteira

Nas dobras tênues do chão

Ali dorme alguns instantes

Seu próprio sono é andante

Qual o som de seu coração

 

Na estrada há uma figueira

Tronco rude de muitos anos

Disposta tal qual a barreira

Que ataca o vento serrano

É ali um abrigo importante

Para àquele andante tirano

No caule recosta seu tino

Um viandante sem destino

Há mundos fora do plano