Ando num passeio incerto pelas tuas curvas,
Ah doces sublimes curvas,
Óh glorioso Mundo!
Como carregas tal ser imundo;
Que me brilha os olhos,
Que me arrepia todo o ventre.
Que me incendeia os pensares
Adentre a mente.
Hei de correr com ódio pelo teu corpo!
Hei de pisar em cada parte,
Cada canto;
Ceifando assim teu encanto
Como aspiro nesse aparte.
Ah!... Meu mundo! Mas como te amo!
Piso-te..., mas amo-te ainda mais firme;
Amo-te não só, amo-te ao lado dos meus irmãos de carne às tuas belezas.
Oh! Como a beleza se faz mundo sobre nós,
Como nos tange o palato com tanta doçura,
Como nos faz salivar a boca e arrepiar a alma,
Óh! E como aprecio tua beleza de forma tão feia,
Tão amargamente selvagem e atroz,
Gozando como a abelha vomita o mel,
Tão grotescamente prazeroso e meloso que me dilata as papilas,
Grotesco, como o doce sopro de mel ao nascer.
Óh! Mas e oque sentes tu, Mundo!?
Oque tu vês belo nesses teus olhos que transbordam?
Ainda consegues sentir o mel dos favos?
Ainda vives os prazeres teus?
Sim, teus...
Pois são somente teus e de mais ninguém!
Mostra tua feiura ao menos uma vez meu doce mundo!
Alinhe as tuas curvas incertas ao menos uma vez!
Alinhe-as para curvas ainda mais incertas,
Mais sem destino,
Mais sem seriedade ou sobriedade,
Entorte-as como as rolhas fazem aos dentes dos homens;
Cuspa os dentes fora!
Beba a bebida imatura que queres beber.
Bebe... É teu desejo e de mais ninguém;
É teu palato e de mais ninguém!
É teu gozo e de mais ninguém!
É o caminho do descaminho para todos.
Bebam dele, gozem dele, pisem-no com rancor e amor,
Cuspam os dentes que se soltarem sobre ele,
Vomitem o mel fugaz da vida nele;
Ele bebe disso, das incertezas...
E não há como haver incertezas enquanto não se procura certezas.
Então festeje teu caminho, faça-o tua gloria e seu mundo,
De beleza feia e grotesca, mas que lhe agrada as papilas,
Que lhe brilha os olhos,
Que lhe incendeia âmbares os pensamentos...
Nasça em teu não caminho e sorria frente às imperfeitas belezas sublimes.