E no preço de cada palavra
me via mais distante
E no peso de cada lágrima
Eu me sentia tão distante
Não é que vou parar
Ainda tenho muito pra dizer
Mas é tão ruim escrever sobre a faca que te corta
E o algoz dessa história estar no espelho agora a me observar
O protagonista tinha que ser eu
Só que as feridas roubaram meu lugar
E se eu for um cara médio, mediano, medíocre se o que me falta é coragem
Sou feito de medo
Sou todo covarde
Se o mundo me pisa
Porquê sou assim
Se a dor que me aflige é para despertar algo maior em mim
Se eu pudesse voltar a 10 anos
Eu me pararia na rua e de modo não tão delicado falaria que a dor seria constante e que ela existe
Que a dor eterna existe
Que poderia sim
Existir um buraco no meu peito
Eu me abraçaria com muita força
Falaria que as coisas um dia poderia melhorar
Falaria para eu esperar mais um pouco
Que talvez tudo aquilo iria passar
Mas pra eu esperar pelo pior
Pois foi a esperança que me matou
Depois de dizer tudo isso
Eu iria embora
Mesmo sabendo que não mudaria em nada
Eu nasci em um sábado
Em uma simples casinha na zona rural de uma cidade do interior
O parto foi feito pela minha vó
O dia era lindo
Respirei pela primeira vez
Sentindo a vida
Sem saber que viver era dor
foi naquele sábado que pude conhecer a pessoa mais forte que já conheci
Foi no sábado que eu nasci
Naquela noite o frio misturava com o calor que me assombrava
Saberia que logo receberia uma notícia ruim
Talvez algo tentando me conter
Logo veio uma ligação
Nem precisei ouvi -la
Desabei
O mundo não estava mais em baixo
Pude sentir todo o peso
O desequilíbrio
A dor que ainda sinto
Senti pela primeira vez
Naquela noite onde tudo em mim doía
Tentei de toda forma ajudá-la
Rezei de toda forma para salva-la
Nada adiantou
Dor mais forte não sentirei
Ainda não sei
Foi no sábado que eu morri e continuei vivo
Não sei como acumulei tanta dor e frieza
Também não sei ao certo onde guardei o primeiro rancor
Mas sei quando o estopim foi aceso
Foi naquele sábado
Onde a vida apareceu
Ou quando ela acabou