Ó virgem mãe
Desabrocha o galho da paz
Das sementes de capim
Que cumpunham o teu rosário artesanal
E faz chegar-te as preces negras
Ao coração maternal.
Ó mãe de todas as cores
Da irmandade dos homens pretos
Que mesmo sem ter direitos
Fizeram à ti confraria
Ó Mãe de todas as dores
Da mãe que lhe foi tirada
A filha que ali gerada
Geme gritos de agonia.
Senhora Mãe do Rosário
Quantas lágrimas foram postas aos seus pés
No silêncio negro da noite
Que eternamente escureceu.
Quantos prantos já lavaram as contas do rosário
Que a Gusmão prometeu.
Apressai a salvação ó rainha
Pois já não posso ver corrente
Nos rios que lavam as alvas almas
O escarlate tinto sangue dessa luta
Nada breve,
E de repente, eterna luta.
Ora pro nobis, Senhora do Rosário
Filhos dos morros, das vielas,
Sem berçário.
Herdeiros das senzalas do desamor
Presos na gaiola do olhar de quem só enxerga a cor.
Ora pro nobis.