Jonas Teixeira Nery

Qualquer trem

Passa o trem que leva a saudade,

que deixa o vazio nesse seu caminho tortuoso.

Não traz canção, nem versos, nem amarguras,

nesse errante destino, nessas estações, passa o trem!

 

Soberbo, passa o trem das minhas lembranças,

percorrendo essa estrada sinuosa entre sonhos,

esse trem das minhas reflexões entorpecidas,

nessa paisagem submersa em calmarias...

 

Não sei se vem quando espero!

Nem sei se passa ou fica o que quero!

Talvez fique a toada dissonante desse trem,

nesse frenético rugido, ofuscando essa paisagem.

 

Ah, esse trem romântico, nesses momentos incertos!

Passa impertinente, nessa tarde fútil, nessas lembranças

nessa vida lenta de saudades, passa o trem.

Entre planícies, vai o trem ruminando minhas angústias!