Arlindo Nogueira

SONHO BOIADEIRO

Ouço o som do berrante

Lá pela estrada do norte          

Uma boiada importante  

Já preparada p’ro corte

Raça só de franqueiro

Bois ligeiros tino forte

De passo lento seguindo

O instinto  pressentindo

Na curva do rio a morte

 

No passar o raso do rio

Onde a onça bebe água

Boi madrinheiro sentiu

Cheiro fresco da maiada

Refugou passar o passo

Foi fracasso na estrada

Tudo sumiu de repente

Os boiadeiros valentes

Não puderam fazer nada

 

Tropel de boi se ouvia

A poeira cobria a estrada

Na canhada e na coxilha

A tropilha era extraviada

Não tinha mais solução

Pra recuperar a boiada

Sozinho seguiu o peão

Voltou avisar o patrão

O fim de sua jornada

 

Quando amanheceu o dia

O galo cantou no terreiro

Acabando com a magia

Na fronha do travesseiro

Flash de suas andanças

Que fez o tempo inteiro

Sobrou só seu cachorro

E lembrança do estouro

No sonho do boiadeiro