A vela apagada chama
pela chama que gatilho
velar num ponto de flama
a chama que bem presilho
na vela me chamo ao fogo
ilumino toda a casa
a mim mesmo dou-me louros
mas a chama me navalha
sou cortado em mil pedaços
pelo fogo que não queima
me queimando como escravo
num teima macio me ajeita
a chama me aquece louca
dando à casa ar celestino
surgem anjos insistindo
em me ver queimando à solta
entre a vela a derreter
e o meu fulgor a crescer
a casa dispara aplausos
tudo reverbera espasmos
ao fim dos cortes num plexo
a chama desfaz a vela
tudo lento e num reflexo
a casa volta ao que era
mesmo de volta ao escuro
por dentro sou puro brilho
no presilho do ar me fujo
ao outro ponto do gatilho.