Matheus França

A verdade

A verdade 

A verdade é  que escrevo há muito tempo 
E nem tudo foi dito 
A verdade  não precisa ser dita constantemente.
É o bastante para saber que todo poeta esconde algo maior. 

O corvo e sua solidão 
O poeta e suas lamúrias 
A alma e a vida.
O corvo dentro do meu peito se esconde quando viajo para dentro,
Volto com um balde cheio de ruínas na busca de me salvar,
Volto machucado a cada busca
Tentando me limpar. 


A obscuridade que há em um poeta sempre será sua face verdadeira.
O que minha alma grita nem sempre devo escrever 
O silêncio é mais agradável nessas linhas douradas
Nesses versos e vindas eu me faço verdadeiro.
Cada parte de mim que sai
Se torna uma carta de suicídio,
Um suicídio que adio a cada palavra 

A verdade é que acho que tive uma infância boa, não sei de onde vem esses lagrimeijos

Os anos se passaram e a vida adulta chegou, pude ver o quanto de dor existe e o quanto pude suportar. Analisei que a maioria das dores que tenho na verdade nem são minhas.
No fundo são.
Sempre foram minhas
Pois eram dela.

Tenho medo de que se curadas acabe com minha essência,
Mas o meu  verdadeiro medo  é que elas nunca se curem

Sou poeta e como todo
Sou fragmentos e como todo 
Sou vários 

Parece que busco a todo momento abrir minhas feridas só para vê-las sangrar,
Há horas que sou meus algozes,
Hora angústia, hora loucura 
Hora dor,  hora esperança.
São horas sombrias
E a luz que sempre busquei está  distante demais para alcançar 


Esquizofrênico?
Eu?
É loucura ter um diálogo com todos os eus?!
Um debate sem fim
Quem está no controle?

A verdade é que o mundo que vivo não me interessa 
E quando viajo para dentro do meu
Ele me assusta
Fragmentos 
Fragmentos 
Tudo em mim doi
A verdade é que sou suicida, mas sou poeta, e isso transcende tudo que já  fui