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Manoela

Reforma

Ao sair
Favor fechar a porta
Não quero que entre
O tipo de gente
Que finge que se importa


Por aqui
A casa está vazia
Estou confortavelmente
Jogada no sofá
Em minha própria companhia

 

A janela está entreaberta
O portão não foi trancado
Ainda faltam alguns móveis
E, ao mesmo tempo, não tem espaço
Não tem espaço no meu quarto

 

Em dias de chuva tem goteira
O colchão está mofado
Mas a geladeira está cheia
E tem vinho importado

 

Estou gostando do contraste
Dos rebocos das paredes
Com os lustres rebuscados
Ainda faltam uns enfeites
E, ao mesmo, tempo não tem espaço
Não tem espaço no meu armário

 

A música está alta
Eu dançando entre os entulhos
Pela manhã, pintei tudo de cinza
Ao entardecer, já tinha trocado

 

Não sei quando a obra termina
Talvez ainda falte um bocado
Tem sido uma grande faxina
E, por enquanto, não tem espaço
Não tem espaço ao meu lado