Jose Fernando Pinto

Sou de Minas uai

Eu nasci no inverno, mas no inverno de Minas Gerais, temperatura amena, numa manhã serena entre as montanhas de Tarumirim. Sim, cidadezinha do interior, de nome indígena, significa “céu pequeno”, mas como o inverno sereno, um local aconchegante, onde o relevo e a população formam canção e transformam céu pequeno num enorme coração.

 

Eu nasci em Minas gerais, um menino do interior, sempre tímido, sonhador, que corria pela rua, que fingia ir a lua, queria ser um inventor. Inventava canções de amor, rabiscava poesias de flor, e como um “Dom Quixote” tupiniquim, antes que chegasse o fim, o menino inventor entre as linhas de poesia, rock blues e utopia fez-se um dia escritor.

 

Eu nasci em Minas Gerais, terra de Carlos Drummond de Andrade, e um dia saí da minha cidade para o mundo conhecer. Foi através da literatura, viajando na leitura que eu consegui sobreviver! Eu já quis ser livro, ser livre como passarinho, fui menestrel e trovador, voei como beija flor nas poesias que rabisquei, e o menino do interior que nasceu num dia de inverno, de chinelo vestiu terno e espalhou o seu calor.

 

Eu nasci em Minas Gerais, terra de Santos Dumont, do clube da esquina, pão de queijo e da rima para o mundo encantar. Sou de Minas, falo uai, caipira da cidade, e do alto da minha idade ainda não cheguei na lua, mas sou cidadão do mundo inteiro, e quando estou na rua, nos saraus de poesia, eu sinto que contagia o meu sotaque de mineiro.

 

Porque eu nasci em Minas Gerais, entre montanhas abissais, plantações de café e fazendas de leite, terra de aços especiais, do ouro, de Aleijadinho, de Adélia prado e José Oiticica, terra de Atlético e Cruzeiro, do carioca Milton Nascimento, que embora nascido na Guanabara, optou por ser mineiro.

 

Jose Fernando Pinto